Psicóloga Betânia Dell’Agli fala sobre as dificuldades das crianças nas aulas on line e como pais e professores podem ajudar.
A pandemia trouxe o cancelamento das aulas presenciais e, com isso, a necessidade de utilizar a internet para dar continuidade ao ano letivo. Essa realidade impôs dificuldades e um mundo novo para professores, pais e especialmente para as crianças, que não tem maturidade para enfrentar esse “novo normal”.

Dentre as dificuldades relatadas pelos pais estão a recusa em fazer as tarefas e/ou conectar-se ao computador, desatenção, irritabilidade que leva a conflitos com os familiares na hora das tarefas, agressividade, entre outros. Além disso, há dificuldades de compreensão dos conteúdos que também pode acentuar os comportamentos descritos anteriormente.
O CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, conversou com a psicóloga e neuropsicóloga, professora da Unifae e coordenadora de uma das entidades inscritas – o Casulo – Betânia Alves Veiga Dell’Agli para ter orientações do que fazer para ajudar as crianças diante desta realidade.
Ela dá algumas orientações de como os pais podem ajudar a melhorar o aprendizado das crianças nestas condições:
- buscar negociar com a criança considerando suas sugestões de como ela gostaria de fazer as tarefas;
- não fazer a tarefa pela criança, mas orientá-la;
- respeitar o momento da tarefa buscando colocar a criança em um lugar mais silencioso possível, longe de estímulos que possam prejudicar sua atenção;
- não fazer a tarefa à noite quando a criança está cansada;
- estimular a criança a dormir cedo e acordar cedo: o sono tem papel fundamental na atenção e na aprendizagem;
- combinar o melhor horário com a criança fazendo um cronograma diário de estudo (rotina);
- conversar com a professora para que as tarefas possam ser adaptadas;
- propiciar outras atividades interessantes às crianças como leituras de livros sobre temas de interesse, jogos de regras e experimentos e outros;

A psicóloga nota grande dificuldade nas escolas em se adaptar à realidade de aulas on line. “Vejo que poucas escolas têm conseguido trabalhar com projetos, aulas desafiadoras e interessantes. Pergunto-me sobre o que mais seria importante nesse momento em termos de conteúdo”, diz. Este é mais um fator dificultador e que acaba agravando os conflitos entre os pais e os alunos-filhos. Com isso, muitos preferem “lavar as mãos” e não se envolver mais.
Para Betânia, os pais que sentem estas dificuldades devem se aliar ao professor e não criticá-lo pura e simplesmente. Por isso, ela defende que pais e professores dialoguem mais sobre o que funciona, quais são as dificuldades percebidas e avaliar as limitações da criança neste contexto. “Acredito que escola e família devem estar juntas nesse momento pensando em como adaptar os conteúdos às crianças com dificuldades. Elas terão muitas perdas se isso não acontecer, como eu tenho presenciado”, conclui.